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Administrador por profissão Um cearense como tantos outros que deixaram a boa terrinha para ganhar a vida em São Paulo. Bem humorado como todo cabeça chata.

27 de set. de 2011

Meu grande amor

Lembro-me como se fosse hoje. Era uma noite de sexta feira , início do mês de dezembro de 1994. Estava em casa – casa aqui é mais uma força de expressão, morava em um quitinete no centro de Fortaleza – quando minha irmã Elisia, a minha irmã preferida, me falou de uma conhecida dela que passava férias em Fortaleza e procurava companhia para sair. Eu tinha decidido ficar em casa naquela noite. Naturalmente, diante desse novo fato, é logico, que mudei de pensamento. Após uma breve conversa pelo telefone fui lá conhecer a moça. A noite foi ótima, bebemos – naquela época eu ainda bebia -dançamos, trocamos alguns beijinhos e , para minha tristeza, foi só. A mulher era jogo duro.


Sempre que esse fato me vem à memória fico divagando onde eu estaria se não tivesse mudado de ideia, posso escrever uma lista enorme de coisas que não teria feito; não teria feito faculdade, não teria mudado de cidade, nem escrito um livro e não teria o filho maravilhoso que tenho.

São essas pequenas oportunidades, que damos graças a Deus não tê-las perdido. Os grandes momentos da vida sempre acontecem quando menos esperamos, e lá se vão mais de quinze anos desde aquela noite de sexta feira. Como todo casal, já tivemos nossos altos e baixos, mas posso dizer que todos os momentos foram bons. Devo muito a essa mulher, muito do que sou e certamente o que mais serei na vida. Triste é o homem que perde a oportunidade de encontrar seu grande amor. Eu não perdi a minha.

Uma grande amiga.

Pouco me importa se o que escrevo será lido ou não por quem quer que seja – que mentiroso que sou – de uns tempos para cá tenho tido essa necessidade, vicio, seja lá o que for. Se me vem uma ideia, pensamento, ou sentimento por mais insignificante que me pareça – se é que existe sentimento insignificante – tenho que por para fora, se não tudo o mais para, as ideias, pensamentos, trabalho, tudo.


Que delícia que é quando as musas de plantão dão o ar da graça. Surgem como ninfas, me rodeando, a sussurrar doçuras em meus ouvidos. Quisera eu poder transcrever tudo o que sinto, o que penso, mas sou apenas um pretenso escritor ainda limitado a um português ruim e parco viver.

Quando penso em tudo que passei na vida, o que mais forte me vem a lembrança são os amigos que fiz, e graças a Deus conquistei alguns. É verdade que com o passar dos anos os caminhos nos separam mas, como canta Dominguinhos, os verdadeiros amigos mantêm a presença mesmo quando ausentes.

Tenho uma grande amiga, a primeira pessoa a quem tive coragem de mostrar um texto meu, que para meu espanto, gostou do que leu. Jamais esquecerei quando li a apresentação que minha estimada amiga escreveu para meu primeiro livro, tão marcante foi, que decorei na primeira vez que li. Palavras generosas que guardo com carinho em minha memória.

E assim vou seguindo a vida, com saudades dos grandes amigos e amigas em especial daquela que um dia elogiou um texto meu...

22 de set. de 2011

Tentando entender

Tempos atrás trabalhei em uma escola e uma coordenadora me mostrou um trabalho que estava fazendo com os alunos. Era basicamente, para que eles escrevessem algum assunto que gostariam de entender, fora do conteúdo de sala. Um garoto do sexto ano escreveu uma única palavra. Mulheres! Ah...Tadinho... ô meu Deus...tão novinho e querendo saber de coisas inexplicáveis. O que responder diante de pergunta tão sem resposta? Se ele soubesse que não há como entender algo tão sutil e ao mesmo tempo tão complexo. Ainda mais nos dias de hoje, quando elas estão dominando quase tudo – aliás, nessa mesma escola elas mandavam e desmandavam – tudo mesmo. Uma chegou até a presidência republica!! Meus Deus!! Onde vamos parar?! Eu mesmo, que já passei dos quarenta , posso dizer que já tive algumas, e não consegui entender nenhuma.


Mas quão belas elas são – as belas, as belas!! – no jeito de andar, de balançar os cabelos, na doçura da voz, na maneira de pedir...Não há nada mais inspirador que o corpo e alma de uma bela mulher. E por mais que eu saiba como é difícil compreendê-las, jamais deixarei de ama-las, continuarei - como o aluno do sexto ano – durante toda a minha vida...tentando entender...

19 de set. de 2011

Patrulha ideológica

E aí rapaziada!? Tempos difíceis esses em que vivemos, não? Parecem mais aqueles enlatados policiais das tvs americanas, “ Tudo que você disser, pode e será usado contra você” . Tomem cuidado meus amigos!! A patrulha ideológica esta nas ruas. Qualquer deslize, e pronto! Você será tachado de homofóbico, preconceituoso e sei lá mais o que. Para que isso não ocorra, os heteros, devem - para não serem estigmatizados de enrustidos - assumir que gostam do sexo oposto. Como diriam os homossexuais “ tem gosto pra tudo”. A moda agora é assumir!! Mas espera aí? O gay quando assume que é gay diz que saiu do armário, e o hetero sai de onde? Da churrasqueira? E mais, nós heteros só temos a palavra hetero para nos definir, enquanto que os homossexuais têm várias; gay, lésbica, travesti, transexual, bissexual e tal e tal... Discriminação contra os heteros!!! Precisamos de outras palavras - infelizmente no momento não me vem nenhuma - se não acabaremos virando minoria. Por falar em minoria, como é que pode existir uma minoria que reúne três milhões de pessoas numa parada? Minoria para mim só existe uma, a de anão, precisamos criar o dia do orgulho do anão!! Afinal a parada do orgulho gay já deixou de ser uma manifestação de protesto  de minoria  faz tempo, aqui em sampa virou  atração turística.É verdade! Tá até no calendário!!Só perde pro carnaval. Só não vira escola de samba, por que escola de samba tem limite de integrantes. Mas bem que podiam fundar uma escola de samba só de gays, né não? Eu fico imaginado os nomes; Unidos do arco íris, Acadêmicos GLBT , ia ser um barato, pena que faltaria o mestre sala, em compensação teriam vários candidatos(?) a porta bandeira. Agora a briga mesmo, seria para escolher a rainha da bateria.


E me digam uma coisa. Se alguém chama um cara de viado pode ser acusado de crime né? E xingar uma pessoa de filho da puta? Não é crime por quê? Afinal direitos iguais para todos, as putas também merecem respeito! Essas moças dedicadas, despojadas, altruístas que se empenham com tanta dedicação a diversão dos heteros. Vamos criar também do dia do orgulho da puta. Garanto que teremos o apoio de vários políticos.

Sei não pessoal, estou escrevendo aqui mas fico preocupado, vai que alguém não entende a brincadeira , pensa errado e começa a achar que sou preconceituoso, homofóbico? Sei não, acho que vou é deletar esse texto...será? Que nada!! Vamos em frente!! Sou mais é a favor que todos pensem o que quiserem, façam o que quiserem, , falem o que quiserem, sejam o que quiserem e desejarem. Nascemos livres e morreremos livres.

15 de set. de 2011

O casal

Costumo dizer que quem escreve pouco cria, no muito talvez apenas enxergue as coisas cotidianas por um prisma diferente. No meu caminho de casa para o trabalho e vice e versa – e eu não costumo mudar meus caminhos – não raro encontro um casal já maduro, eu diria que com netos já crescidos, mas o que me chama a atenção é a maneira como eles se tratam. Ao subirem no ônibus, o marido sempre atrás a amparar a esposa. Seguem viagem de mãos dadas em conversa sussurrada ao pé do  ouvido, na descida  o marido, mais uma vez a ampara-la, adianta-se para dar-lhe a mão como um moderno cavalheiro. Certa vez eu presenciei uma brincadeira do marido. A esposa estava sozinha no ponto de ônibus e ele chegou sorrateiramente por trás e deu-lhe um susto. É... as vezes precisamos fazer   dessas coisas... só para ganhar um abraço.  E  ao cruzarem meu caminho, meu dia fica mais  cheio de lirismo, enche-me o peito de esperança de que é possível sim, viver uma vida inteira juntos. Sem perder a ternura jamais.

O Catador

Acordou cedo, madrugada fria na cidade de São Paulo. A esposa já havia levantado e o cheiro doce de café enchia o barraco. José era seu nome. Mas poderia ser também Paulo, João ou Pedro. José, era mais um nordestino que deixara sua terra natal em busca de planos e sonhos. Senta-se a mesa a esposa serve-lhe o café e um pedaço de pão.


- Tem margarina não mulher?

- Tem só um pouco Zé, mas deixa pro Zezinho.

Ele olha pro filho dormindo num colchão que dias antes ele mesmo catara na rua.

- Vou-me embora mulher! Cuida do nosso filho.Não se preocupe que o dia de hoje não vai passar em branco Estou com fé em deus que a coleta vai ser boa.

Na frente do barraco um carrinho feito com carcaça de geladeira.

- Vamos embora Péduro!

Um cachorro vira-lata de pelo marrom pula para dentro do carrinho. Tempos atrás ele tinha achado o cachorro na rua com uma pata machucada. Por conta disso mancava e ganhou, do filho de José, o nome de Péduro. E lá se foi José. No peito a esperança de encher seu carrinho.No final do dia venderia o material na cooperativa

- Vou te falar uma coisa Péduro. Subir essa ladeira nesses dias de frio é duro. O ar ta muito seco. Ta vendo aquela nuvem cinza em cima dos prédios? É poluição. Toda a fumaça que sai dos carros, motos, caminhões fica acumulada. Outro dia, ouvi no rádio,o nome é inversão térmica.A fumaça não sobe e causa isso. Ouvi também, que existem cidades em que essa inversão térmica é tão grande que as pessoas têm que sair de casa usando máscara. Eu acho que logo, logo aqui vai ser assim também. Ufa! Conseguimos subir!Na volta a gente se diverte.

Passava quase sempre pelos mesmos lugares.Entra em uma rua estreita somente de casas. De porta em porta vai coletando material.

- Ta vendo Péduro? Aqui as pessoas têm um pouco de consciência.Deixam o lixo separado. Assim é mais fácil. Muito material não é reciclado por falta de coleta adequada. Se as pessoas não separam, o material vai todo pro lixão aumentar a poluição da cidade. Vamos ver o que tem aqui. Garrafas, papelão, opa! Olha só Péduro! Um saco cheio de latinhas!!Que bom!! – balançando o saco fazendo as latinhas tilintarem - Tem umas pilhas aqui...Ninguém deveria jogar pilhas no lixo. É perigoso. As pilhas possuem vários metais que contaminam o solo.Vou levar essas pilhas para a cooperativa, lá eles dão um destino adequado. O certo mesmo, seria as pessoas levarem as pilhas nos pontos de coleta. As lojas que vendem essas coisas têm obrigação de recebê-las volta.

E assim ele seguia , enchendo seu carrinho e conversando com o pequeno Péduro. Mais uma rua, mais material para coletar.

- Nessa rua aqui Péduro, os moradores não separam o lixo.

Parou em frente a uma casa e começou a mexer nos sacos separando o que poderia ser reciclado. O portão da casa se abre e sai um sr. muito irritado já chega gritando com José.

- O QUE É VOCÊ ESTA FAZENDO AÍ? QUE ESTORIA É ESSA DE MEXER NO MEU LIXO? OLHA SÓ A SUJEIRA!!

Não era a primeira vez que alguém o tratava assim. Na verdade já estava acostumado com esse tipo de atitude. Olha para o Péduro, faz uma cara de quem diz “tá vendo”?

- Olha moço. O sr. não se preocupe que a sujeira eu vou limpar.E me desculpe por mexer no seu lixo. Mas sabe o que é... esse é o meu trabalho.Ando pela cidade ajudando a preservar o meio ambiente. As pessoas acham que nos catadores só sujamos as ruas ou atrapalhamos o trânsito. Não é verdade.Veja só. Estou com meu carrinho quase cheio. Todo esse material que eu recolhi não vai voltar para a natureza. Nem poluir rios. Vai evitar que arvores sejam derrubadas. Essas garrafas plásticas por exemplo. O sr. sabia que o plástico demora mais de cem anos para se decompor na natureza?Essas aqui que eu catei no seu lixo vão ter outro destino. Serão recicladas e se transformarão em matéria prima para vários produtos.

O homem, meio sem jeito, olha para José, no semblante um misto de surpresa e admiração.

- Como é o seu nome?

- José.

- Me desculpe José, pela maneira como te tratei. A partir de hoje vou separar o lixo.

- Não tem o que desculpar.Só em separar o lixo para mim já ta bom.Assim estará ajudando não só a mim mais a cidade toda.

Despediu-se do dono da casa e seguiu pela rua fazendo o seu trabalho.Estava passando por uma avenida mais movimentada levou um susto com a buzina de um carro.Uma dessas camionetes grandes de vidro fumê, aros reluzentes. O motorista grita pela janela.

- SAI DO MEIO DA RUA SEU IDIOTA!!

José pára ,se recupera do susto e segue em frente. O dia fora bom o carrinho estava cheio achou um caminhãozinho de brinquedo que guardou com cuidado.

- Vamos lá Péduro! Vamos descer essa ladeira!

Ia pulando ladeira abaixo, a cada passo era como se flutua-se no ar apoiando-se no carrinho. Vendeu o material.Passou na padaria comprou margarina, um pequeno bolo e suco.Ao chegar beijou a esposa, deu o caminhãozinho ao filho e festejaram. Era aniversário do Zezinho. Em baixo da mesa Péduro abanava o rabo e comia seu pedaço de bolo.O dia em fim não passaria em branco.

14 de set. de 2011

DE OLHO NO ESPELHO

Amanhece o dia e como sempre faço, encaro-me frente ao espelho que, sem nenhuma cerimônia, joga-me na cara os anos que já se passaram. Os cabelos, de minha grande cabeçona chata, há muito já clarearam embora, eu deva dizer, que o fizeram precocemente, mas tudo bem, podem mudar de cor contanto que não me abandonem. As rugas parecem procriar e a cada dia se tornam mais e mais aparentes, tudo bem também, são como cicatrizes de guerra pelas batalhas vividas. A barba serrada, os pelos que teimam em nascer nos piores lugares, ok o cara não precisa entrar nessa de ser um metrossexual , mas também , convenhamos, não deve se tornar um neandertal. E a barriga, - que minha esposa e filho fazem questão de me lembrar que existe, devem achar que além de velho estou ficando cego - admito que já foi menor ,tempos atrás sequer existia, é por isso que eu falo que essa barriga não é minha, apareceu não sei e onde. È por essas e outras que concordo com meu sogro quando diz “ ficar velho é uma merda”.


Mas olhando bem, com um pouco mais de carinho e atenção, até que me tornei um corôa simpático, eu diria até com um certo estilo e um pouco de charme também. Consigo manter meu bom humor e sou capaz de fazer me amada sorrir de vez em quando, tenho condição de brincar com meu filho como se criança fosse e ainda curto o bom e velho rock in roll. Tenho grandes amigos, ótimas lembranças e ainda muita lenha pra queimar.

Meus braços podem não ter mais a mesma força, nem meus olhos o mesmo brilho de outrora, mas meu coração é de menino e ainda arde em meu peito uma vontade louca de vencer, pois o espirito não envelhece jamais.

Já passei dos quarenta, e que venham os cinquenta, sessenta, setenta, oitenta... e quantos mais forem possíveis, serão todos muitos bem vindos, contanto que eu possa me olhar de frente no espelho, e ver no fundo de meus olhos que tudo por que passei não foi em vão.