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Administrador por profissão Um cearense como tantos outros que deixaram a boa terrinha para ganhar a vida em São Paulo. Bem humorado como todo cabeça chata.

12 de jun. de 2009

Apresentação

DOIS DEDOS DE PROSA

Eleuda de Carvalho
Jornalista

Nem sabia que ele escrevia – e tão bem, gostoso, fluido, feito uma conversa boa, entre amigos, quem sabe em torno da mesa de uma cozinha familiar. Conheci Elúsio nas noites de Fortaleza, idos de 80, quando todos éramos jovens demais, impetuosos, devorando a cidade e o que ela nos oferecia: por exemplo, os shows punks na associação dos servidores da UFC. A Flor, irmã do Elúsio, era líder (líder?, é sim, vá lá) de uma delas. Ótimos tempos.

Que continuam ótimos, com seus percalços e escorregos, só pra dar mais molho ao cotidiano, às vezes sem sal. Certo dia, recebo e-mail do amigo Elúsio, tanto tempo, pois é, tanto tempo, como naquela canção do Paulinho da Viola. Sem a tristeza de sinais fechados, bem entendido. Papo vai, papo vem, o Elúsio me manda uma deliciosa crônica sobre um cearense chegando em São Paulo.

Um pouco a própria trajetória dele, ao mesmo tempo, o caminho de muitos outros cabeças-chatas, que saem da terra natal em busca de sonhos, de realizar planos, e conseguem, mesmo quando eles – os sonhos, os planos - não dão certo. Porque a vida, ah, a vida sempre dá certo. É preciso amor, coragem e fé. E isso, a gente tem pra dar e vender, camaradas.

Aquele texto foi uma primeira experiência, e o querido amigo me fez a graça de ser uma das primeiras a conhecê-lo. Que bom que ele prosseguiu com outras histórias, casos entre o verídico e o imaginado, o individual e o de domínio público, agora reunidos no livro Papo Verídico, para deleite dos leitores. Elúsio Fontenele desvela, com fina ironia e vero carinho, tipos humanos inesquecíveis, e que a gente identifica com aquele amigo, aquela amiga.


Coisas que tocam na emoção de todos nós. Veja, leitor, a profusão de Marias, a quase tragédia da fofoqueira dona Paulina, o incrível Ferreira e a corda de caranguejos (e ainda saberemos que o Ferreira é o pai do Elúsio, a quem ele dedica este pedacinho de memória. Emociona e faz rir também. O autor tem o timing da comédia).


Outros tipos o leitor vai conhecendo ao virar das páginas, por exemplo, o torcedor de futebol – e toda a paixão que este esporte inspira. Futebol, esta delícia bestial! Cenas cotidianas passam aos nossos olhos como andar de ônibus ou mesmo dirigir um carro, bem na hora do rush (e em São Paulo!). Um dos textos mais engraçados trata dos bisonhos e mocorongos da caserna. Eita, a vida dura do samango...


O presente passeia lado a lado com recordações do passado, feito a infalível pontaria da irmã Francisca – uma lembrança que Elúsio recupera dos seus tempos de jardim da infância. O mote escolar deriva para a universidade, com a experiência, cômico-trágica, de quem passou no vestibular. E quem foi “bicho” vai dar gostosa gaitada.

Reflexos da vivência em Fortaleza estão disseminados em vários textos, como aquele que destaca a Baixinha, da Balaço-baco Produções, ou em ditos bem nossos, como quando ele compara uma língua ferina à peixeira de pescador. Casamento, mesa de bar, garçom (e a piada velha do dedo na sopa, mas que Elúsio consegue revigorar). Um trancelim de histórias saborosas, desenrolando-se entre a Terra de Iracema e a Terra da Garoa (ambas com sua generosa hospitalidade), para deleite de quem lê. É uma viagem.

3 comentários:

Regina Tedeschi disse...

Caro amigo Elusio

Fiz uma leitura do blog e gostei de perceber que, apesar de suas contradições, Sampa conseguiu fazer despertar a veia poética de Um cearense.
Desejo que você continue se dedicando a descobrir a beleza da arte de comunicar.
Abraços
Regina Tedeschi

Lu Fontenele disse...

Minha amiga Regina, grato pelas palavras generosas de incentivo. Um forte abraço . Lu

Anônimo disse...

Essa Eleuda é foda, a apresentação dela faz o livro ser gostoso antes da gente ler. ô Eleuda, minha filha, esse palavreadim bom que você tem, você aprendeu em mesa de boteco, num foi? Só pode. Parabéns ao autor e à apresentadora!
> Ricardo Kelmer - SP-SP
blogdokelmer.wordpress.com